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Programa Cisternas leva água potável e Educação Contextualizada às Escolas Rurais do Ceará

Projetos

Cisternas asseguram água potável para crianças em escolas rurais do Ceará, promovendo saúde e aprendizado

Publicação: 14/08/2024


A qualidade da educação está profundamente ligada à disponibilidade de água potável e condições de higiene, apontam relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU). Escolas com condições sanitárias adequadas são ambientes mais propícios ao aprendizado, à longevidade e ao desenvolvimento humano. Para garantir o direito ao acesso à água, saúde e educação para crianças, jovens e famílias do campo, o Programa Cisternas, coordenado no estado pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), executado pela Cáritas Regional Ceará e financiado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), está equipando escolas rurais cearenses com cisternas de placas de 52 mil litros. Esses equipamentos captam, filtram e armazenam água da chuva com segurança durante períodos de escassez.




Adoção de filtros de barro tradicional brasileiro, considerado o melhor sistema de purificação de água do mundo, é parte fundamental para a qualidade da água. Escola na zona rural de Moraújo - CE.


Até julho deste ano, 13 cisternas escolares foram construídas pela Cáritas Regional nos municípios de Sobral (4), Coreaú (5), Moraújo (3) e Massapê (1). Outras três estão em andamento. Pelo programa, a entidade deverá equipar 26 escolas rurais com sistemas de captação, filtração e armazenamento de água para garantir segurança hídrica aos estudantes e à equipe escolar.


A EMEIEF Juvêncio da Costa Sampaio, na zona rural de Moraújo (CE), foi uma das unidades beneficiadas com a tecnologia social. Anteriormente dependente de garrafões de água dessalinizada de poço artesiano, a comunidade escolar enfrentava dificuldades quanto ao abastecimento e comemorou a conquista da nova tecnologia. “A cisterna veio para somar e melhorar a qualidade de vida dos alunos e da equipe”, afirma a diretora escolar Tatiane Sampaio. “Agora, com a cisterna e os filtros de barro, teremos o melhor para todos. É maravilhoso! Estamos muito felizes”.




Comunidade escolar comemora conquista de cisterna para captação e estoque de água potável. Escola na zona rural de Sobral - CE.


Educação Contextualizada

A cisterna de placa se popularizou por ser uma tecnologia social barata, acessível e de fácil replicação. Desde a capacitação dos pedreiros/as até os cursos de gerenciamento hídrico das famílias, o processo contém um caráter educativo e formativo, alinhado à política de convivência com o Semiárido.


Nas escolas, não é diferente. A cisterna pode ser vista como equipamento e elemento que convida ao processo de educação contextualizada. A partir dela, abrem-se inúmeras possibilidades de debate, aprendizado e troca de saberes: a geografia da região, o semiárido e suas particularidades, a caatinga, espécies nativas de fauna e flora, o ciclo das chuvas, as fontes de água, as crises hídricas, as atividades agrícolas e a percepção da região pela sociedade.


“Não é apenas uma cisterna, mas uma cisterna que traz a reflexão sobre o acesso à água, a garantia de direitos e a importância de uma educação que ofereça contexto”, detalha o coordenador dos Programas de Convivência com o Semiárido da Cáritas Regional Ceará, Paulo César Oliveira. “Esta educação contextualizada abrange a educação ambiental, história regional, cultura e outras potencialidades locais, que, dentro do processo de ensino-aprendizagem, permite aos estudantes darem sentido ao que é ensinado e serem protagonistas na construção de sua própria identidade”, conclui.



Educação contextualizada: "Cada gota importa", apresentam os e as estudantes do EMEIEF Juvêncio da Costa Sampaio, em Moraújo - CE.


Em Moraújo, os estudantes do Infantil V ao 7º ano da EMEIEF Juvêncio da Costa Sampaio experimentaram algumas semanas nesse modelo. Aconteceram aulas de campo e pesquisas com moradores, onde professores e alunos investigaram a nascente da água, quais alimentos eram mais plantados ali, como o distrito de Goiana era antigamente e quais são as tradições da comunidade.


As descobertas foram apresentadas para toda a escola e convidados em um seminário com grupos temáticos, exposição de artefatos antigos, maquetes e cartazes elaborados pelos próprios estudantes. “Foi um grande trabalho em equipe e todos estavam empenhados em realizar este desafio”, explica a diretora Tatiane Sampaio. Foi possível envolver matemática, história, geografia, português e ciências em diversas atividades que ajudaram as crianças a conhecerem onde vivem e questionarem o funcionamento das coisas.



Estudantes apresentam as descobertas feitas sobre a história da comunidade, suas fontes de água, plantas nativas, sementes, tradições e artefatos.


Desafios

Com 98,7% do seu território na região semiárida, o Ceará está entre os estados que buscam no paradigma da Convivência com o Semiárido e nas Tecnologias Sociais uma abordagem mais eficiente para a questão. Ainda há muito a ser feito, segundo mostra o Censo Escolar de 2023.

Em 11 municípios cearenses, não há abastecimento de água para as escolas rurais. Farias Brito lidera esse triste ranking, com 71,4% das escolas sem água, seguido por Madalena, com 37,5%, e Cascavel, com 33,3%.


No cenário nacional, o Censo registrou mais de 7 mil escolas sem água potável, afetando 1,2 milhão de estudantes. Dessas escolas, 75% estão localizadas em zonas rurais. No mundo, estima-se que 584 milhões de crianças não têm pleno acesso a serviços básicos de água potável e saneamento nas escolas.


6º ODS: Água Potável e Saneamento

O sexto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecido pela ONU institui a necessidade de garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos até 2030, quando a população do planeta deve chegar a 9 bilhões de habitantes.


Cáritas Executa Programa de Cisternas no Ceará

No Ceará, a Cáritas Regional é uma das 12 entidades executoras do Programa de Cisternas pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA). A organização é responsável pela construção de 200 cisternas de 16 mil litros para consumo humano em comunidades tradicionais de quilombolas, indígenas e pescadores, além de 26 cisternas escolares.


Ao todo, a SDA prevê a construção de 2,5 mil cisternas em comunidades e escolas rurais, com investimento de R$ 25 milhões. Retomado este ano pelo Governo Federal, o Programa Cisternas recebeu um investimento de R$ 562 milhões para a construção de 47.550 cisternas de consumo (placas de 16 mil litros) e 3.940 tecnologias de acesso à água para produção de alimentos nos 10 estados que formam o Semiárido brasileiro.



Redação: Alana Soares

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