Entre os dias 14 e 17 de outubro, a Cáritas Ceará recebeu assessores técnicos, coordenadores, consultores e representantes da Cáritas Alemã, Cáritas Regional Nordeste 2 e do Serviço Pastoral dos Migrantes da Paraíba para um intercâmbio de experiências voltado à implementação de um novo projeto de prevenção à violência e promoção de uma cultura de paz para adolescentes e jovens, previsto para começar em 2025.
O intercâmbio aproximou os agentes da Cáritas da Alemanha, Ceará, Pernambuco e Paraíba de entidades, comitês associações e organizações socioculturais atuantes no território do Pici, periferia de Fortaleza, que se somam como parceiras na construção e desenvolvimento da iniciativa, como Comitê de Prevenção e Combate à Violência e o Laboratório de Estudo da Violência da UFC.
Durante as visitas, foram apresentados grupos de arte, cultura e organizações comunitárias, como a Comunidade Eclesial de Base Margarida Alves, o Grupo de Desenvolvimento Familiar (GDFAM), o Espaço Cultural Frei Tito de Alencar (ESCUTA) e a Associação Cultural Canto da Jandaia. Nessas ocasiões, a comunidade local expressou as problemáticas e desafios enfrentados, além de compartilhar suas formas de resistência por meio da organização social e artística.
O projeto, que terá apoio financeiro da Cáritas Alemã, será implementado simultaneamente nos estados do Ceará, Pernambuco e Paraíba, sob a coordenação conjunta da Cáritas Ceará, Cáritas NE2 e o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM).
As ações são destinadas a jovens entre 12 e 29 anos, majoritariamente afro-brasileiros, com uma participação mínima de 50% de mulheres. As atividades incluem a criação de núcleos de mediação de conflitos, círculos restaurativos, cursos de formação para policiais, focados em abordagens preventivas e não violentas, além do engajamento desses jovens em ações de incidência política.
Para a assessora internacional da Cáritas Alemã, Andrea Bruns, o projeto tem um “imenso potencial de cooperação” entre as organizações, visando à prevenção da violência através da participação social e cultural de adolescentes e jovens das periferias urbanas. “Nossa expectativa é que esses jovens possam construir projetos de vida dignos, garantindo seus direitos nas comunidades, com segurança e esperança de um futuro melhor”, afirmou.
Em Fortaleza, a Cáritas Regional Ceará será responsável pela execução do projeto no bairro do Pici, classificado como ZEIS (Zona Especial de Interesse Social), formado por quatro assentamentos precários, com uma população estimada de 24 mil habitantes. Em Recife (PE), as atividades ocorrerão junto à juventude dos bairros Morro da Conceição, Alto do Brasil, Alto José Bonifácio, Linha do Tiro e Brejo da Guabiraba, sob a coordenação da Cáritas NE2. Na Paraíba, o Serviço Pastoral dos Migrantes atuará nas comunidades do Alto do Mateus, em João Pessoa, e Mário Andreazza, em Bayeux.
“Foram três dias de imersão e troca de experiências. Nosso desejo agora é colocar o projeto em prática, ajudando a construir uma sociedade mais justa, com mais dignidade, menos violência e mais direitos para crianças, adolescentes e jovens”, disse Paulo José, agente da Cáritas em Fortaleza.
Para Mona Mirella, que liderará o projeto na Cáritas NE2, “a intenção é fortalecer a participação dos jovens na cobrança de políticas públicas, nos espaços de controle social e em ações que ajudem a reduzir a violência estrutural, que afeta principalmente os jovens afro-brasileiros”.
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