“Onde é que coloca o
freezer?”, grita alguém enquanto Edevaldo Melo Ribeiro, coordenador de
infraestrutura da XX Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária conta
sua rotina de trabalho, que começa no mês de Janeiro e só termina uma semana
depois do encerramento do evento. Com ele, uma equipe de 40 pessoas que ficam
responsáveis por montar as barracas, as mesas, organizar a localização dos
freezers, fogões e tudo o que for preciso para que os/as feirantes sejam acolhidos
com qualidade.
Edevaldo é Técnico em
Agropecuária na Cáritas de Crateús e já tem 12 anos de caminhada pelo Sertão
dos Inhamuns. Essa trajetória permite a ele ter uma proximidade com os
agricultores/as. Como ele diz: “A Cáritas proporciona à gente muito mais do que
trabalhar na parte técnica. A gente cria uma relação de amizade com as pessoas.
É possível perceber essa relação
nos acenos, nos abraços e nos sorrisos de quem passa e faz questão cumprimentar
Edevaldo. Sorridente uma feirante diz: “me achei”. Ele sorrir de volta com um ouvido
nas perguntas da entrevista e outro nas necessidades da equipe.
Não faltam desafios nesse
processo. O maior deles é conseguir a estrutura para montar a Feira, que cresce
a cada ano. O material vem de diversos municípios. No início do ano o
coordenador de infraestrutura já começa a fazer um mapeamento para entender
como dar conta de tudo. “A manutenção do material é difícil por que as estruturas
já tem muito tempo de uso”, conta ele.
Edevaldo faz questão de dizer que
a Feira é uma grande culminância, um evento para quem precisa comercializar os
seus produtos. “Tudo começa no quintal da dona Maria, no quintal do seu Zé.
Aqui é um lugar de visibilidade, por que a agricultura familiar ainda é muito
invisível”. Os quintais ele conhece bem e há tempos estabeleceu uma relação de
respeito e cuidado.
A conversa podia durar a manhã
toda, mas o sol já estava subindo e tinha muita gente esperando, com ansiedade,
as orientações do coordenador. Ele saiu pisando firme, com olhar atento e
coração generoso. A cada dois passos alguém pedia uma foto, puxava uma
conversa, estendia a mão para um cumprimento caloroso. Edevaldo é dessas raras pessoas
que conseguem unir leveza e obstinação e, assim, tem se tornado um pilar dessa
Feira tão importante.
Zoraia Nunes
Assessora de Comunicação Regional Ceará