Entre os dias 27 a 29 de setembro, a comunidade de Valparaíso, em Tianguá, foi palco da II Festa Estadual da Colheita da Rede de Intercâmbio de Sementes (RIS) do Ceará, que reuniu representantes de órgãos de governo, de comunidades rurais e de casas de sementes de todo o estado.
Com o tema “Sementes Crioulas e o Cuidado com a Casa Comum”, o evento contou na programação com mesa de discussão sobre o impacto das mudanças climáticas no semiárido e na produção com sementes crioulas com secretário em exercício da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), Marcos Jacinto, o professor Alessandro Nunes, o superintendente substituto do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no Ceará (INCRA Ceará), Marcos Cândido, o técnico do Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (IDACE), Osvaldo Aguiar, e o representante do governo municipal de Tianguá, o secretário de Agricultura Antônio Pinheiro,
Na oportunidade, mulheres e homens agricultores familiares apresentaram aos representantes de órgãos públicos demandas de políticas públicas, apoios de infraestrutura e de assessoria técnica, entre outros, organizadas pelas redes territoriais do Cariri, Centro-Sul, Vale do Jaguaribe, Inhamuns-Crateús, Zona Norte, Ibiapaba e Três Climas. As demandas foram agrupadas em um documento oficial, assinado pelas entidades presentes.
A representante da Cáritas Diocesana de Tianguá, Lourdes Camilo destacou a importância do momento para as entidades. “É um momento onde as casas de sementes comunitárias se reúnem para celebrar, agradecer e refletir sobre as sementes crioulas e, principalmente, discutir sobre as políticas públicas que possam ajudar na preservação das sementes. Atualmente, temos sete Redes de Intercâmbio de Sementes consolidadas e acompanhadas pela Cáritas no Ceará”.
TROCA DE SEMENTES CRIOULAS
A troca de sementes crioulas entre agricultores é uma expressão cultural rica e significativa, que vai muito além do simples gesto, revelando a importância dos laços comunitários e resgatando saberes ancestrais da multiplicação e conservação das sementes. A prática é fruto da sabedoria acumulada ao longo de gerações de famílias rurais, da cultura comunitária e da vida no semiárido. São tradições do passado que trilham um futuro mais sustentável.
OFICINAS
Ainda durante a segunda Festa Estadual da Colheita aconteceram cinco oficinas de experiências simultâneas. A oficina Juventude e Sucessão Rural, que reuniu jovens de diversas comunidades sob condução dos membros do Programa PIAJ - Tecendo Redes de Juventude. Já a experiência da Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA), de Limoeiro do Norte, foi compartilhada pelas agricultoras do Vale do Jaguaribe, que detalharam a iniciativa do delivery rural e formação de clientela com engajamento social.
A Cáritas Itapipoca ofereceu novas perspectivas de finanças com a oficina de como iniciar um Fundo Rotativo Solidário na comunidade e, para fechar, membros da COPEVAL, cooperativa agropecuária do Valparaíso, ilustrou sua história, metodologia, dinâmicas e aprendizados com os participantes do evento sobre cooperativismo.
RIS CEARÁ
A Rede de Intercâmbio de Sementes do Ceará (RIS) surgiu em 1991, com o objetivo de organizar, articular e estruturar as Casas de Sementes, promover feiras e encontros, incentivar a troca de experiências e saberes entre territórios e ser instrumento de representação e incidência política na construção de políticas públicas sobre sementes e agroecologia.