Perfume de pamonha no fogo, gostinho de creme de galinha na boca, aconchego de abraços há tempos distantes, aquele som delicioso de sotaques diferentes e a visão de uma praça com a sinergia do campo e da cidade, são algumas das delícias que afagaram os sentidos de quem participou da XIX Feira da Agricultura Familiar e Economia Popular Solidária, um dos maiores eventos dos territórios Inhamuns e Crateús, realizada entre os dias 03 a 07/06. Evento enorme não apenas porque o público de mais de 20 mil pessoas comparecera, mas também porque o sentido dele é de valorização de uma outra economia possível, e de reforçar o Semiárido como território de fartura e partilha, e de construção do Bem Viver.
A fartura não se dá apenas com relação à produção agroecológica, rica, inclusiva e sustentável, que se mostrou resistente e persistente até nas edições em que a região enfrentou estiagens prolongadas. Mas também fartura de cultura, de habilidades impressionantes nos artesanatos, de sabores diversos da nossa culinária, de nossas frutas, verduras e nossos peixes. E também de economia gerada para o município de Crateús, que acolhe a maior parte dos eventos. A rede hoteleira da cidade, bares, restaurantes e comércio local movimentam cerca de R$ 200 mil gerados direta e indiretamente pelo evento.
“Graças a Deus superou a minha expectativa de vendas e de visitação. Show! Sucesso a Feira da Agricultura Familiar aqui de Crateús!”, comemora Daniel Ferreira, artesão de Tauá, que já participa do evento há 15 anos. Mas quem participou pela primeira vez também ficou feliz pelo resultado, como foi o caso da Vitória Medeiros, agricultora de Lagoa Nova, Rio Grande do Norte. Segundo ela, o conhecimento adquirido nas oficinas, nos momentos formativos da Feira são gratificantes, mas além disso, as vendas foram muito boas. “Vamos voltar com quase nada, só com dinheiro no bolso”, se diverte.
Confira o álbum completo da Feira
A Feira em números
A XIX Feira da Agricultura Familiar e Economia Popular Solidária dos Territórios Inhamuns e Crateús contou com a participação 225 empreendimentos, de 400 feirantes, sendo 75% mulheres, além da contribuição de mais de 100 voluntárias e voluntários. Esse povo todo veio de 37 municípios dos estados do Ceará, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Pará, Amazonas e Distrito Federal. O evento foi realizado com a colaboração de 47 organizações, entre empresas, organizações da sociedade civil e públicas (ao fim do texto você confere a lista). A estimativa é que a feira tenha movimentado cerca de R$ 300 mil em vendas diretas de produtoras/es para consumidoras e consumidores.
Abertura com Passeio Ciclístico
Como já virou tradição, a primeira atividade da Feira de Crateús é o Passeio Ciclístico, que em 2024, na quarta-feira, 05/06, chegou à 4ª edição, com número maior de participantes, além dos já esperados sorteios de brindes. Outra novidade foi a adição do Trenzinho da Alegria, criação do saudoso Louro da Cruz, para crianças também poderem acompanhar o trajeto pelas ruas do município. Para este ano, com a participação maior de ciclistas, também foi necessário aumentar o tamanho do som. Dessa vez um mini trio fez a alegria das e dos ciclistas e das pessoas por quem elas e eles passaram.
Oficinas, Seminários e Intercâmbios
Além da comercialização e do palco da cultura, a Feira também realizou encontros com caráter formativo. No dia 03/06, foi realizado por videoconferência o IV Encontro das Rezadeiras, para debater saberes tradicionais e ancestrais. No dia 06/06, ocorreram dois seminários. Pela manhã, o Seminário sobre Tráfico Humano, discutindo o tráfico de pessoas em condições análogas à escravidão neste chão de profecia. A tarde, o Seminário entre gestoras e gestoras, para refletir e apontar encaminhamentos para maior valorização e investimentos na agricultura familiar e Economia Popular Solidária.
Nos dias 06 e 07 foram realizadas oficinas: Da Lei MROSC; de organizações de feiras da agricultura familiar e organização de redes solidárias; produção de achocolatado e bebida láctea fermentada; aproveitamento do soro do queijo na produção de pães de forma; confecção de sabonetes e outros produtos artesanais utilizando mel, própolis e cera de abelha;
Os municípios de Ipaporanga e Independência, referências quando o assunto é Educação Contextualizada para convivência com o Semiárido, acolheram pessoas de outros estados e regiões para conhecer, respectivamente, como se é experienciado tal modo de viver a educação na rede municipal de ensino e na Escola Família Agrícola Dom Fragoso.
Cultura
Além de intervenção de poetas e contadores de histórias, o palco da cultura da feira contou com diversas atrações musicais. No dia 06/07 subiram ao palco Paulo André e sua MPB na voz e no violão; Mateuzin dos repentes sempre divertidos e inteligentes; e Tintim do Forró, que não deixou ninguém parado. No dia 07/06, o som contagiante e instrumental da banda do IFCE, Entre Sambas e Choros; direto do Amazonas, pelo segundo ano consecutivo, foi a vez do som amazônia ecoar na praça, com a banda Só de Bubuia; e para encerrar novamente a Feira, o talento, a potência e o carisma de Fatinha Veras, nossa agente Cáritas, que botou todo mundo para dançar.
Realização, patrocínio e apoio
A XIX Feira da Agricultura Familiar e Economia Popular Solidária dos Territórios Inhamuns e Crateús é uma realização da Cáritas Diocesana de Crateús, Prefeitura Municipal de Crateús, Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Ceará, Instituto Federal do Ceará, Instituto Veredas da Cidadania e Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Estado do Ceará; Patrocínio do Banco do Nordeste; Apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará, Sindicatos de agricultoras e agricultores familiar dos territórios Inhamuns e Crateús, Cáritas Brasileira – Regional Ceará, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do Governo Federal, e Instituto para Desenvolvimento da Economia Familiar.
Texto: Cáritas Diocesana de Crateús