No dia 24 de fevereiro, a Assembléia Legislativa do Ceará
realizou sessão especial para debate sobre a campanha da Fraternidade 2023:
Fraternidade e Fome, realizada pela Conferência Nacional dos Bispos (CNBB). Na
ocasião houve ainda o lançamento do Pacto Ceará sem Fome, promovido pela ALECE,
em sintonia com a Campanha da Fraternidade deste ano.
Diante do retorno do Brasil ao Mapa da Fome e do quadro gravíssimo de fome em que vivem mais de 33 milhões de irmãos e irmãs brasileiros, sendo deste total, 2,4 milhões de cearenses, surgiu a necessidade de propor a sensibilização da sociedade e da igreja para o enfrentamento desse flagelo que é a fome, por meio de compromissos que busquem a transformação dessa realidade. A firmação do PACTO CEARÁ SEM FOME é o passo inicial para o maior gesto concreto da Campanha da Fraternidade, que neste ano trabalha o tema “Dai-lhes Vós Mesmos de Comer!” (Mt 14.16).
O evento atendeu uma solicitação conjunta dos deputados Missias Dias (PT) e Renato Roseno (PSol) e reuniu no Plenário 13 de Maio, deputados, vereadores, representantes da CNBB, das pastorais sociais, comunidades e entidades participantes da campanha, além do Grupo de Trabalho de Combate à Fome do Governo do Estado do Ceará.
A tarde foi marcada por discursos impactantes e emocionados. A primeira dama do Governo do Estado Lia Freitas falou sobre a importância do diálogo durante a construção do projeto que deu origem ao Pacto. A primeira dama, que coordena o GT (Grupo de Trabalho) do Programa Ceará Sem Fome, falou sobre o diagnóstico obtido, que só foi possível graças ao diálogo e principal a escuta das entidades e associações engajadas na distribuição de alimentos para que o Programa alcance todas as regiões do Ceará com a Rede de Unidades Sociais Produtoras de Refeição. “O Governo irá lançar o edital para credenciamento das entidades, o governo vai doar os gêneros alimentícios e a Alece vai incrementar o programa entregando os kits de cozinha”, afirmou a primeira dama.
Outra iniciativa da Casa anunciada pelo presidente da
Câmara, Evandro Leitão (PDT), será a votação de "um projeto de lei que
autoriza à Assembleia a adquirir e doar kits de cozinhas comunitárias, visando
o fortalecimento das unidades produtoras de refeição, reconhecidas pelo Governo
do Estado”, anunciou Evandro Leitão.
Representando a CNBB, Dom Antônio Cavuto, bispo referencial das Pastorais Sociais e Organismos da CNBB Regional Nordeste 1, que também discursou no plenário, afirmou que "é constrangedor, lamentável, vergonhoso falar da fome. Nosso país exporta milhões de toneladas, mas falta aqui. Como admitir uma realidade tão cruel?", questionou. Ele ressalta ainda que a Campanha da Fraternidade é um chamado a ser ouvido por todos, independente da religião, trazendo a assumir uma co-responsabilidade pelos problemas sociais que afligem o povo.
A senadora Augusta Brito (PT), que também esteve presente na sessão, alertou para a angústia das famílias que não sabem se terão alimentos para os filhos. Ela parabenizou a CNBB pelo tema da Campanha da Fraternidade deste ano e anunciou que, no âmbito federal, vão existir critérios dentro do programa do Bolsa Família para beneficiar pessoas em maior vulnerabilidade, como populações em situação de rua, quilombolas, pessoas com deficiência e idosos.
Sobre a Campanha
Criada em 1962, na arquidiocese de Natal, a semente da
Campanha da Fraternidade teve seu início no nordeste brasileiro, tornando-se
nacional em 1964 e desde então, a Igreja do Brasil promove durante o período da
quaresma a Campanha da Fraternidade anualmente. Para muitos cristãos, a
quaresma é um tempo marcado pelo chamado à conversão: mudança de vida (mentalidade, sentimento,
atitude), volta ao Senhor, adesão ao seu Evangelho e aproximação com a
espiritualidade, mas essa conversão é movida tanto pela compaixão, quanto pela
busca por transformação social.
A Igreja do Brasil, exercendo sua doutrina social, promove anualmente, a Campanha da Fraternidade que em cada edição trata de problemas sociais graves e que precisam de destaque e atenção evidenciadas durante o período, exigindo profundas mudanças (emergenciais e estruturais) e que comprometem todas as pessoas e instituições da sociedade.
A Campanha da Fraternidade tem como objetivo permanente
despertar a solidariedade no povo brasileiro em relação a um problema concreto
que envolve toda a sociedade, buscando caminhos de solução. Pela terceira vez a
Campanha da Fraternidade trata do problema da fome, chamando atenção para um
dos pecados mais graves de nossa sociedade e convidando o conjunto da sociedade
a se empenharem na superação dessa injustiça e desse crime que é um verdadeiro pecado
que clama ao Céu: “Repartir o pão” (1975); “Pão para quem tem fome” (1985);
“Dai lhes vós mesmos de comer” (2023).
nenhuma pessoa ou comunidade pode resolver o problema de
forma isolada, mas espera-se que por
meio deste PACTO seja possível, como nos deseja Papa Francisco em sua mensagem enviada sobre a Campanha da
Fraternidade 2023: “desejo igualmente que
esta conscientização pessoal ressoe em nossas estruturas paroquiais e
diocesanas, mas também encontre eco nos
órgãos do governo a nível federal, estadual e municipal, bem como nas demais entidades da sociedade
civil, a fim de que, trabalhando todos
em conjunto, possam definitivamente extirpar das terras brasileiras o
flagelo da fome””.