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Apicultores, agricultores e entidades denunciam devastação do agronegócio na Chapada do Apodi

Áreas de Atuação

Empresa Nova Agro avança com mais de 24 mil hectares para produção de algodão, milho e soja transgênica na Chapada do Apodi.

Publicação: 19/04/2024


Devastação ambiental, injustiça hídrica e mortandade de centenas de abelhas por uso de agrotóxicos com o avanço de empreendimentos de agronegócio na Chapada do Apodi foi tema de audiência pública nesta quarta-feira, 17, na Câmara de Vereadores de Tabuleiro do Norte.

Grupos de apicultores da Chapada denunciaram a morte de abelhas por intoxicação por agrotóxicos e o impacto negativo na produção de mel local, assim como no ecossistema que depende de abelhas para polinização (fertilização das plantas para formação de frutos).

A partir de análise da FIOCRUZ foi identificado uso de seis tipos de agrotóxicos, onde dois tipos estão no plano de manejo da Nova Agro, empresa que avança na produção de algodão, milho e soja transgênica em mais de 24 mil hectares na Chapada do Apodi.

A intensa pulverização de agrotóxicos também tem prejudicado a vida nas comunidades da Chapada. Moradores relatam a necessidade de dormir de máscaras para suportar o cheiro do veneno. As cisternas de água para consumo humano e produção das famílias agricultoras também podem estar contaminadas, segundo avaliação de pesquisadores. Encurralados pelo agronegócio, muitos moradores precisaram sair de suas propriedades.

Entre os encaminhamentos, foi sugerido a legislação sobre zonas livres de agrotóxicos na Chapada do Apodi, vedação do uso de drones para pulverização de agrotóxicos, retomada do grupo de trabalho municipal sobre Vigilância e Saúde, pedido de informação sobre licenças ambientais concedidas pelo município e intercâmbio de informações entre Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores sobre legislações para uso de agrotóxicos, em especial a vedação do uso e comercialização de agrotóxicos a base em neonicotinoides. 

A audiência pública foi solicitada pelo vereador Albert Einstein Freitas (Professor Tim)e integrou a 13ª Semana Zé Maria do Tomé. Reuniu associações de apicultores e agricultores familiares dos municípios de Tabuleiro e Limoeiro; Cáritas Diocesana Limoeiro, EFA Jaguaribana, Movimento 21, Fundação de Educação e Defesa do Meio Ambiente do Jaguaribe, Comissão de Resistência da Chapada do Apodi; Márcia Xavier (CERESTA) e pesquisadores Mário Martins (UFC), Jackson Sousa (UECE), Fernando Carneiro (FIOCRUZ Ceará); Cecília Paiva, do Escritório de Direitos Humanos Frei Tito de Alencar e deputado estadual Renato Roseno, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Ceará. 

A prefeitura de Tabuleiro do Norte não enviou representante para responder os questionamentos.


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